Engodo pode ser compreendido como um "artifício com que se tenta atrair, aliciar ou induzir alguém; ardil, manobra, tapeação". Ou seja, engodo tem o mesmo significado de cilada. Mas o que isso tem a ver com o filme Aquaman 2: O Reino Perdido, lançado em 2023? Vamos começar com um resumo do filme. Aquaman vive tranquilo cuidando do seu filho e, ao mesmo, tempo, governa o reino de Atlântida. Tarefa, aliás, que ele acha enfadonha, um saco. Lá pelas tantas Arraia Negra, um de seus inimigos e interpretado por um ator negro, põe em prática um plano para libertar uma força maligna presa há séculos por conta de um feitiço. Essa força do mal está congelada. Qual então é o plano do Arraia Negra? Acelerar o aquecimento global que já vinha acontecendo, utilizando um tipo de combustível altamente poluente escondido no fundo do oceano. O derretimento das calotas polares era necessário para se chegar ao vilão aprisionado e libertá-lo.
É preciso dizer que a tal força maligna orienta Arraia Negra para que se aproprie de armamentos e veículos criados a partir de tecnologias antigas, assim como de um tridente que lhe dá grande poder. Por conta disso, Aquaman tem que superar suas divergências com o irmão e fazer com este uma aliança que garanta a sobrevivência de Atlântida e do próprio planeta, além de impedir o retorno do coisa ruim.
Todas e todos sabemos do poder das mensagens subliminares presentes nas produções cinematográficas de Hollywood. Nelas, os Estados Unidos sempre aparecem como povo e governos amantes da liberdade, os que defendem o mundo das denominadas por eles como forças do mal e/ou totalitárias; os que são comprometidos com a vida, a democracia e suas instituições. Não à toa a bandeira estadunidense aparece ao final de muitos filmes, como os do Homem-Aranha ou Super-Homem.
No filme do Aquaman o capitalismo não existe. Não é a força destruidora deste que está levando o planeta cada vez mais perto do precipício. Não é a sanha deste por lucro que está promovendo a destruição de ecossistemas e colocando em risco grandes parcelas da população mundial. Por outro lado, de acordo com o filme, a saída ao caos que nos encontramos está na tecnologia e não na política. Mas quem controla essas tecnologias oferecidas como "alternativas"? Quem controla os capitais que as cria, patenteia e vende?
O filme Aquaman 2: O Reino Perdido é um verdadeiro canto da sereia, uma exaltação à despolitização do debate sobre as crises climática e ambiental. Suas mensagens subliminares promovem a acomodação e a crença de que os que detêm a tecnologia "irão nos salvar". Estamos diante de um discurso e um conjunto de práticas que somente interessa aos mercadores do clima, às corporações transnacionais que pretendem ganhar mais dinheiro às custas da destruição da Terra, a poderosos Estados nacionais, às empresas de consultoria e consultores(as), às ONGs-empresas, à mídia corporativa, às religiões-empresas etc... Enquanto isso, o capitalismo é o verdadeiro "Reino Perdido" que precisa ser encoberto para que seus crimes permaneçam impunes. Um espelho da COP-30?
4 comentários:
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Dayane Araújo
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