terça-feira, 4 de outubro de 2022

Sobre cristãos que não acreditam em Deus.

Nós cristãos e cristãs aprendemos desde cedo que Deus é Onipotente, Onisciente e Onipresente. Isto é, não há nada ou ninguém mais poderoso que Deus (Onipotente). Ele tem conhecimento infinito sobre todas as coisas (Onisciente). E que Deus se encontra em todos os lugares: na natureza, no universo e dentro de cada um e cada uma de nós (Onipresente). Além disso, acreditamos que em algum momento seremos julgados pelas nossas ações e omissões, pelo bem e pelos males que fazemos em relação a nós mesmos, às demais pessoas e a tudo à nossa volta. Entretanto, não é isso que uma parcela significativa de cristãos e cristãs parece acreditar.

Em primeiro lugar, há aqueles/aquelas que colocam o demônio tão poderoso quanto Deus. Diariamente invocam o demônio nos cultos e às vezes falam mais o nome dele do que o do próprio Deus nas suas pregações. Destinam ao Belzebu enormes poderes a fim de incutir o medo e o terror nas mentes de seus seguidores. A vida passa a ser orientada não pela confiança no Deus Onipotente, mas no medo de cair nas garras poderosas do diabo. Dessa forma, é Satanás que prevalece como referência cotidiana e não um Deus Todo Poderoso que nos livra de todo mal.

Em segundo lugar, tais cristãos/cristãs não acreditam realmente no julgamento divino. Daí darem a si próprios(as) o poder de julgar e decidir quem vai ou não ao "paraíso". Tomam o lugar de Deus. Lançam maldições aos/às que consideram pecadores(as), se regozijam por já estarem entre os/as eleitos(as), assumem o papel de juízes/juízas e determinam o destino de cada um(a). É mais um recurso dos/das cristãos/cristãs que não acreditam em Deus para exercer poder de influência sobre determinado rebanho.

Em terceiro, ignoram completamente os mandamentos divinos. No Brasil percebemos nos últimos anos que muitos(as) cristãos/cristãs demonstram mais amor aos fuzis, às metralhadoras e às pistolas do que à Deus sobre todas as coisas. Usam a mentira como arma política e como base de suas pregações, reproduzindo-as em larga escala por whatsapp e outros meios. Em vez de A verdade vos libertará, proclamada por Jesus, o lema desses(as) cristãos/cristãs é A mentira nos beneficiará. Cultuam a morte, defendem a pena de morte e afirmam que Jesus andaria armado com uma pistola em seu tempo se pudesse. Ou ainda que gays devem morrer. Os mandamentos Amar ao próximo como a si mesmo e Não matarás se tornam então apenas letras mortas. Deus que é todo amor é visto por esses/essas cristãos/cristãs como Deus guerreiro, vingativo, com todas as imperfeições humanas. Um Deus que na realidade não é Deus. Dai não verem qualquer problema em usar o seu Santo Nome para enriquecer, barganhar cargos, obter concessões para rádios e TVs; exigir os votos dos seus rebanhos para si, parentes ou aliados. Os cultos parecem mais comícios eleitorais do que atos de fé. Também estimulam e celebram as perseguições a outras religiões, grupos sociais e pessoas. É o ódio que prevalece e Deus é utilizado para referendá-lo.

Em quarto lugar, para tais cristãos/cristãs Deus não é Onipresente, mas somente pode ser encontrado nos prédios das igrejas. A ideia de que Deus existe dentro de cada um(a) de nós é deixada de lado. O divino presente em cada pessoa é retirado, restando somente o corpo.


Por fim, esses/essas cristãos/cristãs clamam em som alto que Jesus está retornando. A verdade é que Jesus vem todos os dias na forma de pessoas necessitadas, que passam fome, que têm sede de justiça, que são marginalizadas, que sofrem preconceito, que fazem caridade, que lutam por um mundo justo e solidário, que defendem a natureza, que não aceitam as desigualdades sociais, que andam no meio das que são levadas à condição de párias da sociedade, mas que são perseguidas e assassinadas cotidianamente por ações e omissões. Todavia, os/as cristãos/cristãs que não acreditam em Deus acham tudo isso apenas mi-mi-mi.