Circula pelos meios políticos a informação de que Helder Barbalho (PMDB) possui 82% de aprovação somente na capital paraense. Mesmo que o índice não chegue a tanto é notório a ampla base de apoio político e popular alcançado por ele não somente aqui, mas em todo o estado. Tal situação é fruto de um conjunto de fatores, tais como execução de diversas e vistosas obras públicas, eficiente e profissional estratégia de marketing/propaganda, a incorporação à estrutura de governo de caciques das mesorregiões Oeste e Sul/Sudeste do Pará na tentativa de controlar os descontentamentos das elites locais e com isso arrefecer o ímpeto separatista das mesmas, além da construção de amplo leque de alianças políticas que agregam desde segmentos neopentecostais bolsonaristas até parcela de setores progressistas, como o Partido dos Trabalhadores (PT). É também digno de nota o choque de imagem que Helder promoveu ao longo dos últimos anos, desde que foi prefeito do município de Ananindeua, integrante da Região Metropolitana de Belém, revertendo em grande medida a antipatia e ojeriza que parte significativa da população paraense nutria contra as famílias Barbalho e Zaluth, esta última a vertente da mãe do governador.
Enquanto
isso, os crimes socioambientais continuam a solta no estado. É o que ocorre no
município de Barcarena, cujo Distrito industrial até hoje não possui sequer
licença ambiental. Também podemos incluir as ações das mineradoras Hidro e
Imerys em territórios quilombolas (no município de Moju, por exemplo) e do povo
Tembé (Tomé-Açu); o apoio irrestrito à construção da Ferrogrão - que
promoverá destruição em larga escala nos territórios do povo Munduruku (Oeste
do Pará), a instalação de portos que atingirão diversas comunidades ribeirinhas - Maicá, em Santarém, e no Baixo Tocantins.
Outro passo
importante na recauchutagem da imagem familiar foi o estabelecimento do
"acordo de paz" com os Maiorana, representantes locais das
organizações Globo. Evidentemente, tal acordo passou pela retomada da
veiculação de propaganda oficial nos veículos de comunicação de propriedade
daquela família, entre outras medidas. O fato é que os "radicais" da
família perderam poder interno e Helder passou a contar com a
"simpatia" do grupo empresarial.
A tendência predominante é que Helder Barbalho eleja a maior parte
dos(as) prefeitos(as) e dos(as) vereadores(as) paraenses em outubro próximo,
com a direita/extrema-direita dentro e fora desse arco de alianças conquistando
fatia importante dos governos locais. Já os setores progressistas e de esquerda
devem manter-se como coadjuvantes nesse processo. Nada indica o contrário até
este momento.
A perda das eleições em Belém por parte da esquerda é uma
possibilidade real. Eder Mauro, o pré-candidato de extrema-direita, tem chances
de obter uma votação relevante. Contudo, quando Helder colocar as máquinas
governamental e partidária para funcionar as chances do delegado miliciano
devem reduzir-se consideravelmente. Talvez, para Eder Mauro, as próximas
eleições sejam apenas um teste em vista do seu objetivo principal: eleger-se
senador em 2026.
Uma das formas de enfrentar esse processo avassalador passaria pelo estabelecimento de alianças estratégicas dos movimentos sociais em torno de candidaturas de esquerda nos diferentes municípios. Creio ser um erro deixar tarefa tão importante nas mãos exclusivas das direções partidárias e às suas lógicas internas de disputas, porque precisamos de pessoas comprometidas com as lutas populares e suas pautas. Para nós, pouco adianta que sejam eleitas figuras que, mesmo sendo de partidos de esquerda ou do campo progressista, estejam mais próximas de uma agenda liberal - a consolidação do mercado de carbono, por exemplo. É importante que as eleições sejam mais um passo na construção de um campo contrahegemônico. É disso que precisamos.
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