Não há meio termo. Não há muro. A tentativa de impeachment de Dilma Roussef é golpe. Não há outra definição para a estratégia que une as forças políticas mais conservadoras do país. Alguns, como FHC, já haviam jogado suas biografias no lixo. Na atualidade apenas atiram as últimas pás de terra sobre elas. É o golpe dos entreguistas, dos que se comprazem com uma nação subordinada aos interesses dos EUA, dos que não querem negros(as) nas universidades, dos que acreditam que lugar de pobre é quele onde os ricos não frequentam, dos oportunistas, dos fascistas, dos que odeiam o feminismo, dos que preferiam que os índios já tivessem desaparecido da face da terra, dos que querem voltar aos tempos da casa grande e da senzala, dos que só confiam no poder das armas (do militarismo), dos que detestam GLBTs, dos que se opõem aos direitos humanos.
Entretanto, é preciso dizer claramente que a forma como o PT vem exercendo o poder nos últimos anos, não somente através do executivo federal, colocou as lutas de resistência sob a perspectiva histórica da esquerda numa situação bastante delicada. A elite petista se tornou parte das elites dominantes do país. Sua estratégia de alianças acabou reforçando o modelo político vigente: corrupto, e plutocrata (onde o poder do dinheiro é que comanda o exercício do poder). O modelo de desenvolvimento adotado reforçou nossa dependência externa, posto que fundada na exploração e exportação intensiva de recursos naturais. Problemas estruturais não foram enfrentados pelos governos petistas: a concentração da terra, do exercício do poder político, dos meios de comunicação e da riqueza, As bases sob as quais a ditadura civil-militar se manteve no Brasil permanecem intactas 30 anos depois da "redemocratização" do país.
Apesar de tudo isso, apoiar mesmo que indiretamente a estratégia conservadora de impeachment é atentar contra a própria resistência popular que ora segue neste país, com percalços e algumas vitórias. Não tem jeito: é ir às ruas e barrar o golpe, pois é disso que se trata. Da nossa parte, não sairemos em defesa do governo, mas pela garantia de um "ambiente democrático" para continuarmos lutando. Isso é o que nos interessa. Contudo, não podemos perder a oportunidade para qualificarmos nossas plataformas e agendas de luta. Eis algo que precisamos dedicar especial atenção.